10 de set. de 2007
Essa entrevista foi publicada no dia 3 de setembro no jornal “La Vanguardia” de Barcelona, antes dos grandiosos shows pela cidade.Dez meses depois de que seu novo disco, El tren de los momentos, viesse à luz comercial, o cantor Alejandro Sanz (Madrid, 1968) o apresenta finalmente em Barcelona. O encontro é amanhã (Palau de Sant Jordi, 21 h) na que será sua primeira presença na cidade depois de três anos. Em uma tour que se aproxima a vinte e três cidades espanholas transformadas em verdadeiros banhos de gente, Sanz estará acobertado por um macro grupo que funciona como um brilhante metrônomo. Metido em múltiplas complicações extra musicais (divórcio com Jaydy Mitchel; reconhecimento de um filho de já quatro anos; chantagem de um antigo mordomo colombiano com tribunais americanos no meio, assíduo falatório das televisões que transmitem baboseiras), a estrela do pop-rock suspendeu durante dois meses a sua tour mundial por ordem médica.
- Defina o show que se poderá ver em seu trem particular...
- Bom, já me advertiram de que não falasse muito de trem em Barcelona porque me parece que a coisa aqui agora está um pouco de não se confiar. Meu trem é de outro tipo; é uma viagem de duas horas, no que você pode ver desde a janela toda uma séria de paisagens, imagens e recordações. Estará centrado no último disco e, logo, farei uma trajetória por todas aquelas canções que o público pede.
- Foi uma obra que você foi escrevendo praticamente no estúdio de gravação. O ao vivo também revela este traço biográfico que parece desprender-se do álbum?
- É diferente; não se trata de fazer um trajeto biográfico, ainda que seja inevitável que você se acabe despindo a nível sentimental, reflexivo, íntimo, sem defesas. O disco é muito orgânico, de maior importância ao improviso que à técnica.- Seus recentes problemas pessoais afetaram o conteúdo da obra, ou o modo de encarar a tour que se intui que é transcendental em sua carreira?
- Não, claro que não. Todo esse eco mediático nem faz grande nem pequeno a um músico, a um criador, é o que eu humildemente tento ser. As questões pessoais tem que ficar de um lado e tua carreira do outro.
- Mas as coisas parece que o afetam. Houve uma preocupação quando suspendeu não faz muito tempo a sua tour pelos EUA durante dois meses.
- Não havia história; me diagnosticaram depressão secundária pós estresse. Chegou um momento em que eu tinha tantas coisas na cabeça e na agenda que acabou por me afetar psiquicamente. Então me decidi me colocar nas mãos dos especialistas, e pela primeira vez na minha vida, levei o assunto a sério. Por fim aprendi a pensar em mim mesmo. Meu erro foi antepor todo o profissional à minha vida pessoal, familiar e sentimental.
- Faz pouco dos médicos?
-
Faço todos os deveres. Todas as recomendações – entre outras, escrever ao começo de cada dia o que vai fazer; organizar a vida por horas; falar e tentar mudar os defeitos de teu caráter, que eu os tenho e muitos... – eu cumpro tudo. São muito úteis.
- Você foi crítico com a conjuntura musical espanhola. Denunciou a pirataria, questionou a indústria, profetizou o final de um modelo; qual é o diagnóstico atual?
- Na Espanha o que não falta é a criatividade, que existe, mas por um tubo. O que sim, falhou de maneira muito grave e com pouca capacidade de reação, é a indústria das gravadoras cuja crise musical que é certa, para a maioria dos músicos, não tem nada a haver com fenômenos como a pirataria e sim com os que durante anos viveram como marechais ainda não se deram conta de que isso vai virar filme.- Se refere as multinacionais não?
- A grande indústria das gravadoras espanholas se devorou a si mesma, e isso geralmente acontece quando há mais avareza que talento e amor à arte. Aqueles que se decidiam se dedicavam a polir uns pressupostos brutais com promoções absurdas e gastos inconfessáveis; tudo menos em inverter em produto novo, tudo menos arriscar-se. E isso coincide em um momento em que o modelo do negócio vai mudando radicalmente e os hábitos de consumo já não tem nada a haver com os do passado. Me dá a sensação que todos esses executivos jamais tiveram uma relação direta com o consumidor, já não tinham nem idéia do que as pessoas queriam.
- Vê alguma mudança de atitude?
- Acho que ainda tem muito que ser feito nas grandes gravadoras desse país. Agora mesmo se segue substituindo aos responsáveis artísticos por simples administradores, embora não apostem decididamente pelo talento e se conformam em lançar um produto fácil, barato e sem nenhum interesse, como regravações, enésimos grandes sucessos e coisas do gênero.
4 Comentários:
Eitha q coisa mais linda eh esse homem.... mesmo pensando so nele ele eh espetacular...
Quero te ver de novo, Ale!
Venga a Brasil.
Besos
Por Ema Lúcia_Emiña, Às 10 de set. de 2007, 13:36:00
Aqui se encontra toda informação a respeito desse lindo!!!
Por Selena Nery, Às 10 de set. de 2007, 16:39:00
Meg e Ema: o Blog está 1000!
Por Selena Nery, Às 10 de set. de 2007, 16:40:00
Gracias!
Por Magda Miranda, Às 10 de set. de 2007, 23:34:00
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